sábado, 9 de julho de 2016

Mitologia Iorubá

   Os Iorubás (em iorubá: Yorùbá) ou nagôs, são um dos maiores grupos étnicos da Africa ocidental, com mais de 30 milhões de habitantes. Na Nigéria, ocupam o posto de segundo maior grupo étnico e linguístico. Possuem também grande massa populacional no Brasil.
   Além de um grande povo, os Iorubás possuem uma vasta e rica mitologia, na qual se espelham a maior parte das religiões afro-brasileiras. Neste post não trataremos de religiões afro-brasileiras, apenas da mitologia Iorubá.

Tradicional Religião Iorubá


   A religião Iorubá é uma das mais fortes religiões africanas, possuindo forte influência no surgimento de várias religiões, tais como a Santería, em cuba, e o Candomblé e Umbanda, no Brasil. É difícil acertar a idade da religião, visto que a maior parte de seu conteúdo é passado através do Itan. O Itan representa o conjunto de todas as canções, história, mitos religiosos e culturais, e são passados oralmente de geração em geração. Contudo, podemos ter uma base de datas que mostra o quão antiga pode ser essa religião, comparando com a idade de sua terra natal, Ifé (Ile-Ifé).
   A cidade de Ifé fica localizada no estado de Osun, sudoeste da Nigéria. Arqueólogos datam o início da povoação da cidade à cerca de 500 A.C, sendo essa, provavelmente, a mais antiga cidade povoada pelos Iorubás. Na crença local, a cidade de Ifé representa não somente o lugar de origem dos primeiros povoados Iorubás, representa também  " O Berço da Terra", sendo que ali seria o ponto onde as divindades teriam dado início a criação do mundo, da humanidade e também teriam passado todos os ensinamentos sobre o culto.




Olorum, O Criador

   Olorum (Olódùmarè), é o ser supremo na mitologia Iorubá, criador dos dois mundos Òrun (mundo espiritual) e Àiyé (mundo físico). De acordo com a mitologia, Olorum criou, além de todo o universo, todos seres viventes e também todas as divindades (Orixás). O deus Iorubá possui uma característica que o difere de qualquer deus vindo de qualquer outra mitologia que eu já vi: Olorum não aceita oferendas ou qualquer tipo de ritual de adoração a ele, pois sendo o criador de tudo, tudo que o que existe e pode ser ofertado já lhe pertence.
   De acordo com os mitos africanos, Olorum delega seus poderes a cada um de seus filhos (orixás) para representarem todos os seus domínios na terra. Olorum vive em Òrun, enquanto os orixás são os mediadores entre Òrun e Àiyé.


O Mito da Criação

   O texto a seguir foi retirado do site Taba de Oxossi, e editado por mim em algumas partes. Nele é contado, de maneira folclórica , como o mundo e a humanidade teriam sido criados.

 "No princípio dos tempos existiam dois mundos: o Orum, o espaço sagrado dos orixás, e o Aiyê, o espaço dos seres vivos. Os orixás são os santos do candomblé, representantes das forças da natureza, que têm ligação direta com os elementos água, fogo, terra e ar, e tudo o que está contido neles.
   No Aiyê, então, só existia água. Foi quando Olodumaré, Deus supremo dos iorubás, resolveu recriar o espaço para a humanidade. Para essa tarefa incumbiu seu filho primogênito, ORINSALÁ (o nome mais sagrado de Oxalá).
   Entregou-lhe um saco (apo iuá) contendo ingredientes especiais - a terra inicial, a galinha de cinco dedos, uma pomba e um camaleão. A terra deveria ser lançada sobre a imensidão das águas. A galinha de cinco dedos deveria ir ciscando a terra para alargá-la o mais que pudesse. A pomba, ao voar, orientaria a extensão da terra expandida. E o camaleão, atento à tudo, observaria a execução da tarefa atribuída a Orisanilá, para reportar os fatos à Olodumaré.
   Assim, com seu cajado (opasorô) e o saco da criação (apo iuá) Orisanilá iniciou sua caminhada do Orum para o Aiyê, o planeta Terra, que seria habitado pelos seres vivos. Entretanto, no meio do caminho, sentiu-se cansado e com sede. Parou para descansar e bebeu um pouco de emu (vinho da palmeira do dendezeiro). A interrupção de sua jornada, por outro lado, era a oport unidade que sua irmã, ODUDUA, precisava para competir perante os olhos de seu pai, Olodumaré, nessa tarefa de grande importância. Então enquanto Orisanilá dormia, Odudua pediu a seu pai que ela cumprisse tal tarefa, o que foi permitido. Olodumaré, por sua vez, lhe disse com autoridade: "Assuma a missão de criar a terra dos seres vivos", o que foi feito prontamente.
   Depois da galinha ciscar a terra, a pomba orientar a sua expansão e o camaleão verificar se a tarefa foi cumprida, no terceiro dia Odudua criou a terra firme, que passou a chamar-se ILÊ IFÉ (que no idioma iorubá significa "terra que foi sendo ciscada"). Criou ainda, do barro e da água, bonecos inanimados de todas as formas e de todas as cores esculpidas por suas mãos.
  Orisanilá mostrou-se, perante o pai, arrependido do seu ato de irresponsabilidade, e para que não se sentisse tão humilhado, Olodumaré resolveu, em um supremo ato de inspiração, dar a Orisanilá outra tarefa de tanta importância quanto a primeira, e ainda mais nobre: a de conceber a vida nos bonecos inanimados. E assim ele soprou nas narinas dos bonecos de barro, criando os seres humanos.Esse sopro da vida é chamado pelos iorubás de emi.
   Assim, Odudua é o criador de Ilê Ifé, primeira cidade do mundo para os iorubás. E Orisanilá é o concessor da vida, aquele que dela dispõe, por ter criado os seres humanos."


Nota: No texto original, encontrado no site acima citado, vocês notarão que Odudua é referido como entidade masculina, mas essa informação não procede. A divindade Odudua é comumente confundida com o Orixá iorubano Oduduá, que teria sido um guerreiro lendário que foi divinizado após sua morte.
   Na mitologia local, Orisanilá e Odudua foram os primeiros filhos de Olorum, criados a partir de sua energia. Os irmãos foram os únicos orixás nascidos como divindades, considerados o "Casal primordial e propulsores da vida".

Os Orixás

   Na mitologia africana, Olorum criou todos as divindades, no Brasil são chamadas de Orixás, e na Nigéria são chamados Irunmole. Os Orixás representam os domínios de Orolum na terra. Eles não são considerados deuses e sim ancestrais divinizados após a morte (exceto Orinsanilá e Odudua). Cada Orixá possui um elemento que o represente: ar, terra, água e fogo. Na mitologia local, quando alguém morre, seu "espírito" se funde a um dos quatro elementos.
   Alguns números indicam a existência de cerca de 600 Orixás, mas infelizmente as informações encontradas na internet são limitadas nesse campo.
   Segue uma lista com 30 orixás considerados de alta importância na mitologia africana:

Obatalá (Orisanilá, Oxalá) - O mais respeitado entre todos os Orixás. Deus da humanidade e retidão espiritual, Rei do Pano Branco e segundo filho de Olorum.

Odudua (Oduduwa) - Primeira filha de Olorum, divindade feminina da criação de toda a matéria, senhora da grande inteligência, autoritarismo e dominação pela força.

Exu - Deus das encruzilhadas, guardião dos templos, casas, cidades e pessoas. Mensageiro divino entre humanos e divindades.

Ogum - Deus da guerra, orixá do ferro, trabalho, política, sacrifício e tecnologia.

Oxóssi - Deus da caça e da patrulha, protetor dos acusados e daqueles que buscam justiça.

Logunedé - Orixá jovem da caça e da pesca, filho de Oxóssi e Oxum.

Xangô - Deus do fogo, raio e trovão. Protetor da justiça. Representa o poder e sexualidade masculina.

Ayrà - Orixá ligado a família do ar, zelador da paz e da justiça incondicional.

Obaluaiyê - Deus das doenças, pragas e enfermidades, bem como da saúde e revitalização.

Oxumarê - Orixá da chuva e do arco-iris. Deus da mobilidade, guardião das crianças, lorde das coisas prolongadas e controlador do cordão umbilical. Muitas vezes representado como uma serpente.

Ossaim - Deus da floresta, curador natural e guardião das ervas.

Oyá - Deusa guerreira dos ventos, mudanças bruscas e redemoinhos, além de grande feiticeira.

Oxum - Deusa da beleza e fertilidade, protetora dos rios, cachoeiras e do ouro.

Iemanjá - Deusa mãe da religião Iorubá, protetora dos mares profundos e oceanos. Filha de Obatalá e mulher de Aganju.

Nanã - Orixá feminino das águas das chuvas, dos pântanos, da lama e da morte. Mãe de Obaluaiyê, Iroko, Exumarê e Ewá.

Yewá - A virgem caçadora, orixá protetora do rio Yewa. Senhora da Vidência.

Obá - Deusa do casamento e domesticidade. É uma das esposas de Xangô, juntamente a Oxum e Oyá.

Ibeji - Orixás gêmeos, deuses da juventude e vitalidade. Protetores das crianças.

Iroko - Orixá da árvore sagrada. No Brasil é associado a gameleira branca, enquanto na Africa é associado a árvore Iroko (Milicia excelsa).

Egungun - Ancestral cultuado após a morte. Responsável por guiar espíritos de pessoas mortas de volta a terra.

Iyami-Ajé - Orixá que representa a sacralização da figura materna.

Otin - Orixá amazona, protetora dos animais.

Oranyan - Fora um grande rei iorubá, é considerado o filho mais novo de Odudua.

Olokun -  Orixá Senhor do mar, é andrógino, metade homem e metade-peixe, de caráter compulsivo, misterioso e violento.

Okô - Deus da agricultura e colheita.

Aganju - Deus dos vulcões e desertos, pai de Xangô e marido de Iemanjá.

Orunmilá - Deus da sabedoria, adivinhação e vidência. Orixá diretamente ligado aos oráculos.


Oxalufan - Orixá denominado de "O velho sábio".

Oxaguian - Orixá jovem e guerreiro, considerado filho de Oxalufan.

Onilé - Orixá ligado ao culto a terra. Representa a base de toda a vida, a Terra-Mãe, tanto na vida como na morte.
  

Conclusão

   A mitologia Iorubá é muito rica e possui muito para ser explorado. Após muito estudo eu consegui chegar a esse resumo e espero clarear a mente dos meus leitores sobre o assunto.
  Sobre os orixás: Essa lista apresenta apresenta 30 orixás, mas em breve farei matérias sobre cada um. As matérias prontas terão seu link vinculado a essa lista.
   
Se interessou pelo assunto? Então deixe seu comentário abaixo! 

 clique aqui para conferir “As Criaturas mais temidas da Idade Média - Goblins". 

Nenhum comentário:

Postar um comentário