quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Review - Bahamut Lagoon

   De volta a lendária década de 90, época em que muitos jogos incríveis foram lançados. Muitos foram consagrados, como os grandes clássicos: Final Fantasy IV(1991), Chrono Trigger (1995), Mortal Kombat 3 (1996), entre outros.
   A desenvolvedora Square Soft (atual Square Enix), foi responsável por três games icônicos neste período, além de vários outros grandes jogos. Após os implacáveis sucessos de Final Fantasy IV e Chrono Trigger, a empresa aproveitou a onda de ótimos frutos no mercado e lançou, no ano de 1996, o RPG Bahamut Lagoon, um game que revolucionou o cenário RPG e mostrou que, apesar da idade, o SNES ainda tinha muito potencial a ser mostrado.
Arte de capa da fita do game.

  A desenvolvedora lançou o jogo tarde demais na vida do super famicon (SNES), pois já faziam dois anos que o primeiro console com mídias em DVD havia sido lançado: o Playstation One, da Sony. Alguns fãs julgam que a Square tenha lançado o jogo apenas para encher um pouco mais o orçamento, aproveitando os últimos dias do SNES com um jogo que extrapolava os limites gráficos da era 16 bits.
  Bahamut Lagoon foi lançado apenas no japão por ser um game que chegara no fim da vida do console, e porque os jogos do gênero RPG ainda não haviam se tornado um sucesso no ocidente, quando comparados com o Japão.
   O fato é que o jogo foi um sucesso no Japão e poderia ter se tornado um hit mundial. Com gráficos incríveis e uma jogabilidade inovadora, Bahamut Lagoon é um dos maiores clássicos do RPG, e só é conhecido no ocidente porque a equipe DeJap Translations, composta por fãs do gênero, se deu ao trabalho de traduzir o jogo do japonês para o inglês. A tradução do game foi concluída em 2002.
   Bahamut Lagoon rendeu um retorno incrível, vendendo 474,680 cópias em seu ano de lançamento, ocupando a posição de décimo sétimo jogo mais vendido em 1996, estando a frente de muitos jogos lançados no mesmo ano para a inovadora plataforma da Sony. Ainda assim, quando o game foi relançado para as plataformas Wii (2009) e Wii U (2014), a desenvolvedora insistiu em não produzir uma versão ocidental do game. Cagou no pau, em, Square?!

História

(Alerta de Spoiler!!!!!!!)
   A história do game se desenrola num mundo chamado Orelus. Diferente do habitual, Orelus é um mundo onde os continentes (Lagoons) são grandes ilhas flutuantes. Cada Lagoon é parte de um reino. As Lagoons maiores, sedes dos reinos, são protegidas por dragões sagrados.
   O reino de Kahna é defendido pelo mais poderoso de todos os dragões em Orelus, o poderoso Bahamut. Na trama, os dragões sagrados permanecem adormecidos até o dia em que "a lenda se cumpra". A lenda diz, resumidamente, que aquele cuja mente pode se tornar uma com a mente dos dragões sagrados, se tornará um Dragnar, capaz de controlar o poder dos dragões, e se essa pessoa tiver uma mente forte ela será a percursora de uma nova era, tornando Orelus um lugar melhor. Porém, se a pessoa que se tornar Dragnar tiver uma mente fraca, ela será a percursora do fim, trazendo caos e destruição dos céus. Essa lenda permaneceu sendo um segredo da família real de Kahna. Todos na dinastia de Kahna nasciam com a habilidade de se comunicarem com as mentes dos dragões sagrados e justamente por conhecerem o poder dos dragões e os riscos de ser um Dragnar, a família mantinha o segredo da lenda e de suas habilidades guardados apenas entre aqueles cujo o sangue real de Kahna corria nas veias.

   Em ordem cronológica, a trama começa quando a rainha da Lagoon Campbell, irmã do rei de Kahna, conta ao Imperador Sauzer, da Lagoon de Granbelos, sobre a lenda dos dragões sagrados. Sauzer se hipnotiza pela ideia de se tornar o "homem da lenda" e de abrir as portas para uma nova era. Com a ajuda de Palpaleos (seu braço direito e melhor amigo), Sauzer inicia uma guerra mundial em Orelus, assim, um a um, ele domina todas as Lagoons até por fim dominar Kahna e assassinar seu rei.
   Você interpreta o personagem Byuu, líder da Dragon Squad. Após alguns anos da ascensão do império de Granbelos, Byuu consegue recuperar alguns dos antigos dragões de seu esquadrão e formar uma força de resistência contra o império. Apesar de possuírem poucas chances de vitória, Byuu e os demais guerreiros que sobreviveram ao massacre de Kahna não desistem e seguem adiante com a meta inicial de resgatar a princesa Yoyo (filha do rei de Kahna). Posteriormente, a meta da resistência se torna libertar todas as Lagoons e acabar com o império de Granbelos, devolvendo a liberdade aos cidadãos.
Byuu montado em Bahamut
   Quando Sauzer se torna Imperador de todo o mundo, as pessoas pensam que teriam algum tipo de paz, visto que ninguém poderia se opor ao poderoso império de Granbelos, porém as ambições de Sauzer são muito maiores. Após dominar o reino de Kahna, Sauzer leva a princesa Yoyo consigo, na tentativa de faze-la cooperar com o despertar dos dragões lendários. Ela falha e logo Sauzer a liberta. Mesmo tento libertado a princesa, Sauzer não desiste de suas ambições, e para conseguir o que quer ele faz pactos com monstros de outra dimensão e consegue a habilidade de se comunicar e comandar os dragões. Mas logo o poder o deixa muito fraco e doente.
   Não demora até Sauzer definhar, e quando esse dia chega, o então general Gudolf se declara novo imperador de Granbelos, e as batalhas continuam, cada vez mais árduas.
   Por traz de toda a ambição destes homens, existe um mal muito além da compreensão.Ta bom, vou parar por aqui se não o spoiler vai passar de todos os limites.


Características

   Bahamut lagoon traz características inovadoras ao mercado. Abaixo uma lista das características mais marcantes no game:
Sena do primeiro capitulo, quando Byuu retora com os dragões e inicia a busca pela libertação da princesa Yoyo
  • Gráficos: Como dito anteriormente, o game chegou no fim da vida de seu console, por este motivo, a equipe da Square Soft, sobre a supervisão de ninguém menos que Hironobu Sakaguchi (fundador da Square Company Ltda., junto a Masafumi Miyamoto), exploraram ao máximo as capacidades do SNES, provando que o console ainda tinha muito a oferecer. O game esbanja belíssimos cenários, sprites lindos, personagens com um nível de detalhamento raro, além dos efeitos visuais surpreendentes, algo muito acima do esperado. Contudo, o alto nível dos gráfios custaram muito caro, obrigando os desenvolvedores a tornar o RPG bastante acelerado, além de reduzir a capacidade de movimento livre. Talvez este seja o motivo do game não possuir um "mapa-mundi" para ser explorado.
Cena do primeiro combate do game. Nesta imagem vemos os restos de uma ponte, destruída por magia de raio, e uma parte do rio congelada por uma magia de gelo. A interatividade desse game é incrível!
  • Jogabilidade: Este com certeza é o ponto mais marcante do game. A jogabilidade de Bahamut Lagoon atingiu um nível de excelência além da compreensão. Naquele período eramos acostumados com RPGs que nos permitissem apenas um meio de combate. Ou o game te oferecia um combate em turnos, com batalhas interativas, ou te oferecia um combate estratégico, onde você movimenta seu exército em quadrantes pelo mapa e efetua ataques a curta, média e longa distância. Bahamut Lagoon reúne as duas métricas de combate em um só game! Como se já não bastassem as frenéticas batalhas que surgiram desses dois métodos juntos, o game ainda te oferece a capacidade de interagir com o ambiente! Exemplos: com uma magia de fogo você pode incinerar uma floresta e causar dano contínuo em qualquer unidade que esteja posicionada sobre as chamas (seja ela inimiga ou aliada), com magias de gelo você pode criar pontes que liguem partes do cenário através do congelamento de rios e lagos, além de poder destruir construções como pontes, torres de regeneração, canhões e até paredes de pedregulhos utilizando magias de raio. Tá bom ou quer mais? Então segure o próximo tópico!
Em Bahamut Lagoon, alimentar seu dragão pode leva-lo à transformações incríveis e poderosas!

  • Sistema de Evolução: O sistema de evolução dos personagens e dos dragões também é algo de cair o queixo. A começar pelos dragões: Você evolui seus dragões com base em sua dieta tá bom, eu sei que a palavra dieta fica meio fora de contexto. Basicamente, os dragões comem tudo que você lançar, espadas, armaduras, poções de cura, veneno, poções de fogo, gelo, raio, bacon, e etc. Se você quer um dragão com um poder de fogo muito alto, você precisa alimenta-lo com itens do elemento fogo até que seus pontos de fogo alcancem 100, à essa altura as magias de fogo dos membros da party que estiverem vinculados a esse dragão, se possuírem qualquer habilidade do elemento, terão essas habilidades elevadas ao nível 10. E é aí que vem a grande sacada desse sistema: se você tem um dragão de fogo e o coloca em uma party onde os quatro membros possuem magias de fogo, a habilidade especial do dragão, que nesse caso é o Hellfire, será elevada ao nível 40! As possibilidades de evolução de dragões são quase ilimitadas, o que dá uma dinâmica muito bacana ao game, além de possuir o tradicional sistema de level up através do EXP ganho em combates, sistema válido tanto para os personagens quanto para os dragões.
    Método clássico de evolução dos personagens pelo EXP ganho nos combates em turnos

Pontos negativos

   A pesar de tudo que já foi dito acima, nada é perfeito, nem no mundo dos games. Bahamut Lagoon também tem seus pontos negativos:
Sprite de vários personagens na versão de mapa e na versão de batalha
  • Personagens: É difícil classificar qualquer personagem da Square como um ponto negativo nos jogos. Em Bahamut Lagoon, assim como em todos os jogos da empresa, os personagens possuem muita personalidade. Um personagem nunca pensa ou age igual ao outro, vão dos mais engraçados até os mais sérios e mais violentos. Já é marca registrada da empresa desenvolver jogos onde você se envolve, e a medida que o jogo corre você meio que "convive" com os personagens e isso é algo marcante e muito bacana. Contudo, o que pesou contra os personagens de Bahamut Lagoon foi o baixo envolvimento com a história individual de cada personagem, isso os tornaram um pouco vagos. Mas isso não é nada que vá estragar sua experiência com o game e muito menos te impedir de dar boas gargalhadas com alguns personagens ou mesmo se angustiar com a tristeza de outros.
Nesta foto vemos um mapa dinâmico de uma Lagoon chamada Mahal. Seria possível explorar muito no game, mas infelizmente, devido as baixas capacidades do cartucho, a desenvolvedora optou por retirar um elemento tão importante: A movimentação livre pelos mapas.

  • Mapa: Na minha opinião, esta foi a maior falha, um RPG grandioso como este não poderia passar sem um mapa tão grandioso quanto. A exploração do desconhecido, a busca por missões paralelas, chefões secretos, armas lendárias e etc, é o que dá algo a mais aos RPGs, e é onde o player costuma passar a maior parte do tempo. Fator esse que faz com o game seja zerado em uma média de 30 a 60 horas de jogo, sendo essa média muito menor que a maioria dos RPGs da época. Apesar de tudo, temos que compreender, mesmo contrariados, que o game não poderia trazer tanta informação em um único cartucho. A falha aqui foi a Square ter se apressado e lançado o jogo para SNES, quando poderia ter segurado o projeto e desenvolvido algo ainda maior em uma plataforma que oferecesse maior suporte de mídia, no caso o PS1.

Conclusão

   Como todo game, Bahamut Lagoon possui pontos negativos e positivos, mas nada é capaz de tirar a grandeza desse clássico! O game se eternizou por suas inúmeras inovações na realidade do SNES. E até hoje a carência de versões ocidentais é motivo de discussão entre os fãs, mas infelizmente parece não ser um assunto muito discutido pela desenvolvedora, visto que o game já foi relançado duas vezes, em 2009 para Wii e em 2014 para Wii U, e a versão ocidental nem foi citada no projeto. Pelo visto, tudo que nos resta é emular o game e contar com a tradução da DeJap.
   E você, o que acha desse clássico? Se ainda não jogou, eu recomendo muito, pois o game é de cair o queixo, muito acima da média da maioria dos RPGs daquela época!

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